segunda-feira, 30 de junho de 2008

Olhos sofrem no inverno

O maior desafio da saúde pública é prevenir doenças que afastam a população das atividades diárias. Durante o inverno, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças das vias respiratórias – gripe, resfriado, rinite, sinusite, bronquite e asma – chegam a triplicar. Com os olhos, também todo cuidado é pouco. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, o maior problema no frio são as aglomerações em ambientes pouco arejados que facilitam a proliferação de vírus. Além disso, a baixa umidade do ar reduz as defesas do organismo e resseca todas as mucosas, inclusive a lágrima que tem a função de proteger a superfície ocular.

Baixa imunidade

Resultado: nesta época do ano, o ressecamento dos olhos associado à gripe ou resfriado dobra o risco de contrair conjuntivite viral. Isso porque, explica, apesar da conjuntivite ser causada por adenovirus, a gripe pelo influenza e o resfriado pelo rinovirus, as doenças das vias respiratórias são um claro sinal de baixa imunidade e maior vulnerabilidade dos olhos.

Os grupos mais atingidos são: mulheres na pós-menopausa que têm redução da produção lacrimal, crianças que estão com o campo imunológico em desenvolvimento e idosos que têm o organismo mais frágil. Dos três, comenta, as crianças são as que melhor reagem porque tomam diversas vacinas que as tornam mais resistentes.

Sintomas

Os sintomas da conjuntivite viral são: pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, secreção transparente e fotofobia (aversão à luz). Por ser altamente contagiosa, observa, é um importante fator de afastamento do trabalho que pode durar de três a quatro semanas.

Queiroz Neto afirma que nas empresas os maiores veículos de contaminação são os teclados de computador, mouse e interruptores de luz. O especialista também chama a atenção para os carrinhos de supermercado e balcões do varejo.

Engana-se quem pensa que passar álcool nos objetos elimina vírus. A dica para evitar o contágio é lavar as mãos com freqüência, principalmente depois de usar objetos que foram manuseados por outras pessoas e ingerir bastante água para manter a hidratação.

Tratamento

O tratamento da conjuntivite viral é feito com compressas geladas, lubrificação intensa e colírios antiinflamatórios que aliviam os sintomas, mas só devem ser usados sob prescrição e acompanhamento médico. O especialista também recomenda uso de óculos escuros que além de melhorar o conforto evitam a proliferação de vírus pela exposição à radiação ultravioleta.

Um erro comum cometido por muitas pessoas, afirma, é usar água boricada que aumenta a irritação e pode causar alergia. Como toda doença viral, ressalta, a conjuntivite tem seus sintomas controlados pelos medicamentos, mas o vírus pode criar resistência mesmo sob medicação.

Por isso, há casos em que se formam membranas na conjuntiva que exigem tratamento com corticóide e até aplicação de laser para remover opacidades que reduzem a acuidade visual.

Embora não seja uma doença grave é recorrente e pode levar ao ceratocone, principal causa do transplante de córnea. Isso porque, o hábito de coçar os olhos afina a parte central da córnea que toma a forma de um cone e leva à visão desfocada para perto e longe.

Não coce

A recomendação é evitar coçar os olhos, ambientes fechados, poeira, contato com animais e plantas.

As principais dicas do médico para reforçar a imunidade no inverno são:

- Tomar vacina anualmente para gripe no outono.

- Lavar as mãos com freqüência.

- Praticar exercícios moderados e constantes.

- Evitar exercícios muito intensos que reduzem a resistência e engordam.

- Não permanecer muito tempo sem se alimentar.

- Beber bastante líquido.

- Evitar aglomerações em locais mal ventilados.

- Dormir regularmente.

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